terça-feira, 25 de setembro de 2012

A VERDADE SOBRE BELO MONTE!




A usina de Belo Monte, ao secar a Volta Grande do rio Xingu, expõe ao sol da opinião pública algo mais que o limo das pedras. A empresa canadense Belo Sun Mining, do grupo Forbes & Manhattan, pretende fazer ali o "maior programa de exploração de ouro do Brasil", investindo mais de US$ 1 bilhão para extrair quase cinco toneladas por ano do precioso metal.
Já no Relatório de Impacto Ambiental da usina constava o interesse de 18 empresas em pesquisa e exploração mineral na área, mas o Ibama achou esse dado irrelevante.
O licenciamento da mineração está sendo feito pelo governo do Pará. Tudo indica que o conhecimento do potencial mineral só é segredo para a população, os "investidores" têm o mapa da mina há tempos.
O Brasil vive uma nova "corrida do ouro", silenciosa e oculta da opinião pública, mas intensa ao ponto de fazer a atividade mineradora saltar de modestos 1,6% para expressivos 4,1% do PIB em só dez anos.
Nem é preciso dizer que esse aumento, embora inserido na ascensão brasileira na economia mundial, é continuidade da velha condição de colônia: as riquezas do subsolo brasileiro destinam-se, em sua quase totalidade, ao comércio exterior. As "veias abertas da América Latina" (feliz e triste expressão de Galeano) continuam sangrando.
Por trás dos grandes negócios e notórias fortunas, sempre financiadas e facilitadas pelo Estado, oculta-se um submundo de devastação ambiental e violência contra populações tradicionais.
O Congresso Nacional avoca para si o poder de demarcar terras indígenas e nelas licenciar atividades econômicas, enquanto discute um novo Código Mineral e a criação de uma agência para o setor.
Enquanto isso, pedidos de licenças para pesquisa e exploração continuam a ser concedidas aos que chegarem, em processo pouco transparente.
No Congresso, debate-se mudanças na lei para dificultar a demarcação de novas áreas de proteção (reservas, parques, quilombos, terras indígenas), diminuir o tamanho das já demarcadas e licenciar a exploração de suas riquezas. Na forma como são feitas, as mudanças atendem à demanda de grupos econômicos alheios aos interesses da sociedade e do país.
O governo entra com a negociação no varejo da política e as justificativas publicitárias do "interesse nacional" e da "inclusão social". À sociedade falta o que poucos detêm: informações profundas que possibilitam definições estratégicas que atendam a interesses mais amplos.
Na vida pública brasileira, o debate superficial das questões mais importantes se assemelha à infantilização promovida pelos candidatos que se oferecem para cuidar do povo. A conversa dos adultos, entretanto, é feita às escondidas. Até quando?

Texto: Marina da Silva


O rio Xingu vai deixar de ser palco exclusivo de Belo Monte, a polêmica geradora de energia em construção no Pará. Em uma região conhecida como Volta Grande do Xingu, na mesma área onde está sendo erguida a maior hidrelétrica do país, avança discretamente um megaprojeto de exploração de ouro. O plano da mineradora já está em uma etapa adiantada de licenciamento ambiental e será executado pela empresa canadense Belo Sun Mining, companhia sediada em Toronto que pretende transformar o Xingu no "maior programa de exploração de ouro do Brasil".
A reportagem é de André Borges e publicada pelo jornal Valor, 17-09-2012.

O projeto é ambicioso. A Belo Sun, que pertence ao grupo canadense Forbes & Manhattan Inc., um banco de capital fechado que desenvolve projetos internacionais de mineração, pretende investir US$ 1,076 bilhão na extração e beneficiamento de ouro. O volume do metal já estimado explica o motivo do aporte bilionário e a disposição dos empresários em levar adiante um projeto que tem tudo para ampliar as polêmicas socioambientais na região. A produção média prevista para a planta de beneficiamento, segundo o relatório de impacto ambiental da Belo Sun, é de 4.684 quilos de ouro por ano. Isso significa um faturamento anual de R$ 538,6 milhões, conforme cotação atual do metal feita pela BM & FBovespa.

A lavra do ouro nas margens do Xingu será feita a céu aberto, porque "se trata de uma jazida próxima à superfície, com condições geológicas favoráveis". Segundo o relatório ambiental da Belo Sun, chegou a ser verificada a alternativa de fazer também uma lavra subterrânea, mas "esta foi descartada devido, principalmente, aos custos associados."

Para tirar ouro do Xingu, a empresa vai revirar 37,80 milhões de toneladas de minério tratado nos 11 primeiros anos de exploração da mina. As previsões, no entanto, são de que a exploração avance por até 20 anos. Pelos cálculos daBelo Sun, haverá aproximadamente 2.100 empregados próprios e terceirizados no pico das obras.

O calendário da exploração já está detalhado. Na semana passada, foi realizada a primeira audiência pública sobre o projeto no município de Senador José Porfírio, onde será explorada a jazida. Uma segunda e última audiência está marcada para o dia 25 de outubro. Todo processo de licenciamento ambiental está sendo conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O cronograma da Belo Sun prevê a obtenção da licença prévia do empreendimento até o fim deste ano. A licença de instalação, que permite o avanço inicial da obra, é aguardada para o primeiro semestre do ano que vem, com início do empreendimento a partir de junho de 2013. A exploração efetiva do ouro começaria no primeiro trimestre de 2015, quando sai a licença de operação.

Todas informações foram confirmadas pelo vice-presidente de exploração da Belo Sun no Brasil, Hélio Diniz, que fica baseado em Minas Gerais. Em entrevista ao Valor, Diniz disse que o "Projeto Volta Grande" é o primeiro empreendimento da companhia canadense no Brasil e que a sua execução não tem nenhum tipo de ligação com a construção da hidrelétrica de Belo Monte ou com sócios da usina.

"Somos uma operação independente, sem qualquer tipo de ligação com a hidrelétrica. Nosso negócio é a mineração do ouro e trabalhamos exclusivamente nesse projeto", disse Diniz.

O "plano de aproveitamento econômico" da mina, segundo o executivo, ficará pronto daqui a seis meses. Nos próximos dias, a Belo Sun abrirá escritórios em Belém e em Altamira. Hélio Diniz disse que, atualmente, há cerca de 150 funcionários da empresa espalhados na Volta Grande do Xingu, região que é cortada pelos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Altamira.

O local previsto para receber a mina está localizado na margem direita do rio, poucos quilômetros abaixo do ponto onde será erguida a barragem da hidrelétrica de Belo Monte, no sítio Pimental. A exploração da jazida, segundo Diniz, não avançará sobre o leito do rio. "A mina fica próxima do Xingu, mas não há nenhuma ação direta no rio."

Para financiar seu projeto, os canadenses pretendem captar recursos financeiros no Brasil. De acordo com o vice-presidente de exploração da Belo Sun, será analisada a possibilidade de obter financiamento no BNDES. "Podemos ainda analisar a alternativa de abrir o capital da empresa na Bovespa. São ações que serão devidamente estudadas por nós."

Segundo a Belo Sun, o futuro reservado para a região da mina, quando a exploração de ouro for finalmente desativada, será o aproveitamento do projeto focado no "turismo alternativo", apoiado por um "programa de reabilitação e revegetação". Na audiência pública realizada na semana passada, onde compareceram cerca de 300 pessoas, a empresa informou que haverá realocação de pessoas da área afetada pelo empreendimento e que a construção de casas será financiada pela Caixa Econômica Federal. A Belo Sun listou 21 programas socioambientais para mitigar os impactos que serão causados à região e à vida da população.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PM-BA MATA MAIS DE UM POR DIA


Polícia baiana mata mais de um por dia; taxa é maior que em Rio e São Paulo


Forum Brasileiro de Segurança Publica - São Paulo(SP) - 20/09/2012
Em 2012, o número de pessoas que morreram em alegados confrontos com a polícia na Bahia é 58,9% maior que no ano passado. Para tentar conter abusos, o Ministério da Justiça propõe o fim do registro de Auto de Resistência

Mais de uma morte por dia. Na média, este é o resultado dos Autos de Resistência (AR) na Bahia, de janeiro a agosto deste ano. Em 244 dias, foram registrados 267 óbitos de pessoas envolvidas em alegados confrontos com policiais.

O número é da Coordenação de Documentação e Estatística Policial (Cedep), órgão da Secretaria da Segurança Pública (SSP). A soma representa um crescimento de 58,9% nos casos de ‘resistência seguida de morte’ em relação ao mesmo período do ano passado, quando morreram 168 pessoas. No total deste ano, foram 103 mortes na capital, 50 na Região Metropolitana e 114 nas outras cidades do interior.

Se forem contabilizadas apenas as mortes do primeiro semestre, a Bahia registrou 191 óbitos em AR, o que corresponde a uma taxa de 2,73 mortes por cada 100 mil habitantes. No estado de São Paulo, onde de janeiro a junho ocorreram 239 mortes, a taxa é de 1,16. Já no estado do Rio de Janeiro, os dados apontam 214 mortes nos primeiro seis meses do ano, chegando a uma taxa de 2,68.

Se levados em conta apenas os números das capitais, a taxa de mortes em confronto com a polícia em Salvador, no primeiro semestre, é de 5,77. Ao todo, o Cedep registrou 77 casos na capital baiana. Em São Paulo, foram 147 mortes (taxa de 2,62), e na capital fluminense, 132 mortes (4,19).

Mesmo defendendo o AR como uma forma de respaldar a ação policial, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, acha que todas as operações devem ser cautelosas.

“Não comemoramos nenhuma morte. Antigamente, se bradava que bandido bom era bandido morto. Não existe mais isso. Trabalhamos com a ideia de aproximação da comunidade”, afirmou Barbosa, durante a inauguração da Base Comunitária de Segurança do Bairro da Paz.

Como os dados oficiais vão até o fim de agosto, não levam em conta, por exemplo, a morte do adolescente Rodrigo Santos Conceição, 15 anos, baleado por soldados da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) em Pernambués, no sábado passado.

Confrontos
Os policiais alegam que, durante uma incursão em busca de assaltantes que vinham atuando na Avenida Luis Eduardo Magalhães, foram recebidos a tiros por um grupo de cinco homens armados. Houve tiroteio e o garoto acabou sendo baleado. De acordo com o Departamento de Comunicação da polícia, com ele, foi apreendida uma pistola 380.

Quem conhecia o adolescente conta uma versão diferente. “A polícia só chega atirando. No sábado, quando Rodrigo se bateu com eles no beco, com medo, correu”, relata Simone Santos, mãe da namorada do jovem e dona da casa de onde ele acabara de sair antes de ser morto.

Quem completa sua fala é o pai de Rodrigo. “Quando meu filho viu a PM, fez menção de correr, como todo mundo que estava na rua, e atiraram nele. A arma, eles acharam aqui na rua. Foi jogada por um dos que correram”, afirmou ao CORREIO o porteiro Ronaldo da Conceição.

Revoltados, parentes e amigos de Rodrigo realizaram um protesto em que fecharam a Avenida Luis Eduardo Magalhães no domingo. Depois disso, a Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar se a morte de fato se deu depois de uma ‘resistência’ ou se o garoto foi executado.

Situação semelhante ocorreu no dia 30 de julho, quando os jovens Alexandre Oliveira da Silva, 14, e Rafael Muniz Barreto, 19, foram mortos por policiais da mesma 1ª CIPM e das Rondas Especiais (Rondesp), também durante um alegado confronto, daquela vez na Saramandaia. Na época, a família fechou a Avenida ACM em duas ocasiões. O IPM do caso, que tinha prazo de 40 dias, ainda não foi concluído.

Levantamento realizado pelo CORREIO mostra que, dos ARs cujas situações foram divulgadas pela polícia, o que teve o maior número de mortes ocorreu em Barra da Estiva, no Sudoeste do estado.

No dia 2 de fevereiro, seis suspeitos de assaltos e homicídios na região foram mortos em confronto com policiais civis e militares na zona rural da cidade.
Dentre os mortos estavam os irmãos gêmeos Amilton e Ailton Santos Caíres, além do pai da dupla, Eulálio dos Santos. Amilton era o “Dez de Ouro” do Baralho do Crime da SSP, que aponta os bandidos mais procurados do estado.

Mais mortes
Em Salvador, no dia 27 de março, houve um caso de resistência que terminou em seis mortes, mas dois suspeitos de assaltarem a empresa Barramar, em Pirajá, morreram depois de caírem em uma vala na BR-324 durante perseguição policial. Mais quatro integrantes do bando foram mortos em confronto com a polícia, depois de serem encurralados no Engenho Velho da Federação.

No ano, quatro confrontos resultaram em cinco mortes. Dia 30 de janeiro, em Salinas da Margarida, suspeitos de assalto a banco foram mortos em confronto. Em 3 de maio, bandidos que tentavam assaltar uma empresa do CIA também morreram num tiroteio.

Em 1º de junho, um bando foi surpreendido ao tentar sequestrar um empresário em Itinga e todos acabaram mortos. Por fim, no dia 2 de agosto, em Ubaíra, suspeitos de assalto a banco também morreram em alegado confronto.

ONU recomenda fim da PM no Brasil
Na última sabatina a que o Brasil se submeteu no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em maio, a entidade recomendou a extinção da Polícia Militar. Esta é uma das 170 sugestões presentes no relatório do Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil, avaliação pela qual passam todos os países membros da ONU. A recomendação pela extinção da PM, feita pela Dinamarca, se baseou na análise de casos de Auto de Resistência que foram comprovados como execuções.

O relatório indica o fim do “sistema separado de Polícia Militar, aplicando medidas mais eficazes para reduzir a incidência de execuções extrajudiciais (assassinatos)”. Já a Espanha solicitou ao Brasil a “revisão dos programas de formação em Direitos Humanos para as forças de segurança”. Na sabatina, a Austrália sugeriu ao país o incentivo para que mais estados desenvolvam programas como o da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), do Rio de Janeiro.

Na Bahia, desde 2011, o governo vem implantando as Bases Comunitárias de Segurança, que teve a sétima unidade inaugurada no dia 13 deste mês, no Bairro da Paz, em Salvador. A previsão é que mais duas sejam entregues nos próximos dias: depois de amanhã, em Itabuna, e dia 27, em Feira de Santana.

Congresso vai discutir fim do registro de 'Resistência'
Para tentar diminuir a sensação de impunidade que cerca os casos de autos de resistência (AR), o Ministério da Justiça (MJ) elaborou uma proposta que prevê a mudança na forma como as mortes são registradas.

Baseado no fato de que o AR nem é previsto no Código Penal, o secretário de Assuntos Legislativos do MJ, Marivaldo Pereira, defende o fim do registro de “resistências seguidas de morte” nas delegacias. “O policial relata o AR e na maioria dos casos fica por isso mesmo, porque se parte do princípio que ele agiu em legítima defesa. Não é apurado como deve ser. É um mecanismo muitas vezes usado por uma minoria de maus policiais para esconder seus excessos”, argumenta.

A proposta do MJ se somou a discussões que vinham ocorrendo no Congresso Nacional e culminou num projeto de lei (PL) suprapartidário que o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pretende protocolar hoje. Além do fim do registro de AR com óbito, o PL prevê que em casos de “morte violenta ocorrida em ações de agentes do Estado, o laudo será elaborado em até dez dias e encaminhado imediatamente à autoridade policial, ao órgão correicional, ao Ministério Público e à família da vítima”.

O PL apresenta ainda normas para a perícia e para a investigação que, em tese, já deveriam ser cumpridas. “Queremos obrigar a investigação. O número de mortes causadas pela polícia está crescendo e muitos policiais se escondem atrás do AR para cometer crimes”, diz Teixeira.

Para o titular da pasta da SSP na Bahia, Maurício Barbosa, a possível mudança é “um absurdo”. “O policial se expõe. Qual o respaldo que ele terá em sua ação se eu partir do princípio de que todo AR é um homicídio como outro qualquer?”, diz Barbosa, defendendo a investigação e a punição para eventuais abusos.

Sua posição é defendida pelo coronel Alfredo Castro, comandante-geral da PM baiana. Para o oficial, o que não pode ocorrer é se levar em conta apenas a versão do policial. “Tem que apurar tudo e no final, se for preciso, expulsa o policial”, conclui.

Fonte: Correio da Bahia

terça-feira, 11 de setembro de 2012

NADA QUEIMA POR ACASA NAS FAVELAS PAULISTANAS




Por João Finazzi, no PET RI-PUC
[Título original:"Não acredite em combustão espontânea"]
Segundo a física, propelente ou propulsante é um material que pode ser usado para mover um objeto aplicando uma força, podendo ou não envolver uma reação química, como a combustão.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, até o dia 3 de setembro de 2012, houve 32 incêndios em favelas do estado – cinco somente nas últimas semanas. O último, no dia 3, na Favela do Piolho (ou Sônia Ribeiro) resultou na destruição das casas de 285 famílias, somando um total de 1.140 pessoas desabrigadas por conta dos incêndios em favelas.
O evento não é novo: em quatro anos foram registradas 540 ocorrências. Entretanto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada em abril deste ano para investigar os incêndios segue parada, desrespeitando todos os trabalhadores brasileiros que tiveram suas moradias engolidas pelo fogo.
Juntamente com o alto número de incêndios, segue-se a suspeita: foram coincidências?
O Município de São Paulo apresenta 1565 favelas ao longo de seu território, distribuídas, majoritariamente na região Sul, Leste e Norte. Os distritos que possuem o maior número de favelas são: Capão Redondo (5,94% ou 93), Jardim Angela (5,43% ou 85), Campo Limpo (5,05% ou 79), Grajaú (4,66% ou 73). O que significa que 21,08% de todas as favelas de São Paulo estão nessas áreas.
Somando as últimas 9 ocorrências de incêndios em favelas (São Miguel, Alba, Buraco Quente, Piolho, Paraisópolis, Vila Prudente, Humaitá, Areão e Presidente Wilson), chega-se ao fato de que elas aconteceram em regiões que concentram apenas 7,28% das favelas da cidade.
Em uma área em que se encontram 114 favelas de São Paulo, houve 9 incêndios em menos de um ano, enquanto que em uma área em que se encontram 330 favelas não houve nenhum. Algo muito peculiar deve acontecer com a minoria das favelas, pois apresentam mais incêndios que a vasta maioria. Ao menos que o clima seja mais seco nessas regiões e que os habitantes dessas comunidades tenham um espírito mais incendiário que os das outras, a coincidência simplesmente não é aceitável.
Àqueles que ainda se apegam às inconsistências do destino, vamos a mais alguns fatos.
A Favela São Miguel, que leva o nome do bairro, divide sua região com apenas outras 5 favelas, representando todas apenas 0,38% das favelas de São Paulo. Desse modo, a possível existência de um incêndio por ali, em comparação com todas as outras favelas da cidade é extremamente baixa. Porém, ao pensar somente de modo abstrato, estatístico, nos esquecemos do fator principal: a realidade. O bairro de São Miguel é vizinho do bairro Ermelino Matarazzo, o qual, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), teve a maior valorização imobiliária na cidade de São Paulo entre 2009 e novembro de 2011, 213,9%. Lá, o preço do metro quadrado triplicou – mas não aumentou tanto quanto a possibilidade real de um incêndio em favelas por ali.
As favelas Alba e Buraco Negro também estão na rota do mercado imobiliário. Dividindo o bairro do Jabaquara com o restante dos imóveis, a favela inviabiliza um maior investimento do mercado na região, que se valorizou em 128,40%. Mas nada como um incêndio para melhorar as oportunidades dos investidores.
Todas as 9 favelas citadas estão em regiões de valorização imobiliária: Piolho (Campo Belo, 113%), Comunidade Vila Prudente (ao lado do Sacomã, 149%) e Presidente Wilson (a única favela do Cambuci, 117%). Sem contar com Humaitá e Areião (situadas na Marginal Pinheiros) e a já conhecida Paraisópolis.
Soma-se a tudo isso, o fato de que as favelas em que não houve incêndios (que são a vasta maioria), estão situadas em regiões de desvalorização, como o Grajaú (-25,7%) e Cidade Dutra (-9%). Cai, juntamente com o preço dos terrenos, a chance de um incêndio “acidental”.
Pensar em coincidência em uma situação dessa é querer fechar os olhos para o mundo. Resta aos moradores das comunidades resistirem contra as forças do mercado imobiliário, pois quem brinca com fogo acaba por se queimar. Enquanto isso, como disse Leonardo Sakamoto, “…favelas que viram cinzas são um incenso queimando em nome do progresso e do futuro.”

domingo, 9 de setembro de 2012

TIGRES ASIÁTICOS



Características dos Tigres Asiáticos: 
Os países chamados de "Tigres Asiáticos" são Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul, e estão em desenvolvimento com altas taxas de crescimento. A partir de 1960, esses países adotaram, processo de substituição de importação para bens de consumo não duráveis e, numa Segunda etapa, a exportação desses produtos. Na década de 70, o mesmo processo ocorreu para bens duráveis. As principais razões  para o crescimento econômico foram o baixo custo da mão de obra e a produção em larga escala para  exportações a partir dos anos 60. 

Histórico dos Tigres Asiáticos:
A partir da década de 70, o direcionamento da indústria eletrônica para a exportação de produtos  baratos traz prosperidade econômica crescente e rápida para alguns países da Ásia. Coréia do Sul, Formosa (Taiwan), Hong Kong e Cingapura são os primeiros destaques. Dez anos depois, Malásia,  Tailândia e Indonésia integram o grupo de países chamados Tigres Asiáticos.  
Apesar da recessão mundial dos anos 80, apresentam uma taxa de crescimento médio anual de 5%, graças à base industrial voltada para os mercados externos da Ásia, Europa e América do Norte. 
Caracterizado pela escolha da eletrônica como setor industrial prioritário, voltado para a exportação; pela  absorção de tecnologia por meio dos investimentos estrangeiros em associação com grupos nacionais e  o Estado; pelas vantagens comparativas, baseadas principalmente na mão-de-obra baratas frágeis organizações sindicais, legislações trabalhistas pouco protetoras da força de trabalho e traços culturais conformistas, que reforçam a disciplina; e na intervenção estatal em todos os setores da vida econômica, 
em geral autoritariamente, os Tigres Asiáticos  puderam prosperar e se tornarem o que são hoje: um grande bloco econômico que movimenta milhões de dólares US$ todos os anos, embora hajam alguma suspeitas sobre a formação deste grande império (como é o caso da KIA, que mostra as fragilidades deste bloco econômico, acarretando quedas nas bolsas de valores do mundo inteiro). 
Objetivo: 
Integrar os países asiáticos, visando o fim das barreiras alfandegárias e desenvolver novas 
tecnologias no processo competitivo que toma conta do mundo atual. 
Localização: 
Região Sudeste da Ásia. Ver localização dos países membros no próximo item. 
Países membros:
Fazem parte dos Tigres Asiáticos: Coréia do Sul, Formosa (Taiwan), Hong Kong, Cingapura,  Malásia, Tailândia e Indonésia. 
Comércio: O Japão e os Estados Unidos são os principais parceiros e investidores. Os Estados Unidos, em  especial, abrem seu mercado para os produtos dos Tigres. 
Política dos Tigres Asiáticos: Política autoritária vigora em todos os tigres asiáticos durante os anos 70 e 80. Na Coréia do Sul, as mudanças de governo por meio de golpes de Estado, as perseguições a oposicionistas, os assassinatos políticos e os massacres de manifestantes e grevistas são a regra. Em Formosa, o regime autoritário de Chiang Kai-Shek prolonga-se até 1975. Entre 1975 e 1984, seu filho Chiang Ching-Kuo o 
substitui na chefia do Estado. Em 1985 tem início um processo de transição lenta para a democracia, embora o Kuomintang permaneça no poder. Em Hong Kong vigora a plena autoridade do governador inglês. Em 1984 o Reino Unido e a China fazem um acordo para a devolução do território à soberania chinesa em agosto de 1997. A China se compromete a manter o sistema capitalista em Hong Kong durante 50 anos e a dar autonomia administrativa ao território. Cingapura possui um sistema parlamentar autoritário, enquanto Malásia e Tailândia possuem monarquias parlamentares em que os militares exercem grande influência política. 

Principais produtos de exportação dos Tigres Asiáticos: 
Os principais produtos de exportações concentram-se nos produtos têxteis e eletrônicos (setor priorizado). Coréia do Sul, Taiwan (Formosa), Hong Kong e Cingapura apresentam altas taxas de crescimento desde os anos 60. Já Tailândia, Indonésia e Malásia, chamados novos Tigres, deslancham na década seguinte. Recentemente, Filipinas e Vietnã também se destacam. Até a metade dos anos 90, eles obtêm crescimento anual em torno de 8%, mantendo-se próximos dessa taxa mesmo em épocas menos favoráveis na economia mundial. A partir desta década, no entanto, o crescimento das exportações cai rapidamente e a maioria desses países apresenta elevados déficits em conta corrente.  
Até os anos 90, o desempenho dos Tigres Asiáticos se baseia no aumento das exportações de  bens de consumo aos mercados da América do Norte, Ásia e Europa. Os setores mais dinâmicos são vestuário, eletroeletrônicos e computadores. Entre os fatores que favorecem esse crescimento acelerado estão as altas taxas de poupança e investimento, que em alguns países chegam a 40% do PIB; boa qualificação da mão-de-obra, resultante da ênfase no ensino básico; e salários baixos. Em alguns países há o incentivo do governo nos setores estratégicos, como é o caso da Coréia do Sul. Já outros, como Hong Kong, têm sua base mais apoiada no livre mercado. De qualquer modo, todos mantêm estabilidade política e econômica, muitas vezes por meio de governos autoritários.  
Os anos de rápido crescimento, no entanto, provocaram aumento nos salários e perda de 
competitividade. Por conta disso, a China entra no páreo, já que ali os salários são ainda menores, e consegue arrebatar boa parte do mercado de seus vizinhos. Outro problema para os Tigres é o rápido crescimento dos empréstimos externos e a especulação imobiliária, o que compromete a saúde do sistema bancário e repercute negativamente na economia. Para os próximos anos espera-se que os países tenham crescimento bem inferior ao alcançado nas últimas décadas. A Tailândia, por exemplo, registra crescimento próximo de zero em 1998. 

OS TIGRES ASIÁTICOS 
É por este nome que são conhecidos alguns importantes países da Ásia. Estes países são: Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong.   
Por que Tigres Asiáticos ? 
Este apelido faz com que a gente se lembre do animal TIGRE, que é forte, agressivo e impetuoso.  
A economia desses países que são chamados de Tigres é assim, uma economia altamente 
competitiva e dinâmica, a produtividade é alta. Os funcionários das indústrias, ganham três vezes mais do  que os dos países do 3° Mundo, embora bem menos do que os do 1° Mundo. São pessoas de uma  cultura completamente diferente do mundo ocidental, lá existe muita disciplina e um grande respeito à hierarquia. São povos que sofreram com muitas guerras e ocupações e possuem uma história muito antiga.  
Na economia dos Tigres a grande característica de sua indústria é produzir produtos mais baratos com rígido controle de qualidade e para eles o cliente tem sempre razão. É dessa forma que seus produtos invadem os mercados de, praticamente todos os outros países. Isto é conseguido com muita luta e dedicação porque sempre há altos impostos de importação que é a arma que os outros países usam para não sofrer tanto com a concorrência dos produtos baratos dos Tigres. Essa é a economia competitiva, os Tigres ganham na quantidade.  Esses 4 países foram, no passado dominados pelos japoneses e possuem características comuns como : 
• Elevado crescimento econômico anual.  
• Mão-de-obra abundante e barata.  
• Grande facilidade à vinda de capital estrangeiro.  
• Segurança interna, com reduzidos conflitos sociais.  
• Legislação criminal autoritária e severa, incluindo castigos físicos.  
• Legislação tributária simples, sem entraves ao lucro. 

sábado, 8 de setembro de 2012

OS AMBIENTALISTAS NUNCA VÃO SALVAR A TERRA!



Sidney Yip
O professor Sidney Yip faz parte do MIT Energy Initiative, onde trabalha no desenvolvimento tecnologias sustentáveis  (Thais Staut/FAAP)
Só mais tecnologia pode resolver os problemas ambientais criados pela própria tecnologia. E a energia nuclear é uma das melhores alternativas para mitigar as emissões por dióxido de carbono, vilão do aquecimento global. Essas são algumas ideias do engenheiro chinês Sidney Yip, que esteve no Brasil na última terça-feira, onde apresentou a palestra "Materiais para Sustentabilidade Energética: uma perspectiva do MIT" para os alunos da engenharia da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).
Nascido em Beijing, na China, Sidney Yip se mudou com os pais e irmãos para os Estados Unidos em 1950. Oito anos depois, se formou em engenharia e começou a carreira de cientista, que lhe valeu os prêmios como o Robert Cahn 2012 e o Alexander von Humbold Senior Scientist Prize. Hoje Yip é professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde dá aulas no departamento de Engenharia de Nuclear e Engenharia de Materiais.
Atualmente, o cientista concentra seus esforços no MIT Energy Initiative, um projeto destinado a desenvolver alternativas para conter o aquecimento global. Entre as apostas, estão o uso de micróbios para criar biocombustíveis, novas tecnologias de energia solar e eólica e o desenvolvimento de materiais baseados em nanotubos e nanocristais. De todas as linhas de pesquisa, a que mais entusiasma Sidney Yip é a reabilitação de uma tecnologia que tem cara de passado: a energia nuclear.
O cientista estuda energia nuclear desde a década de 50 e testemunhou todos os altos e baixos do debate público sobre seu uso não-militar. Diz que é urgente recuperar a credibilidade dessa tecnologia depois do acidente de Fukushima — o futuro da humanidade depende disso, acredita. Para ele, a tecnologia nuclear é a chave para a produção de energia em grandes quantidades de forma limpa, sem emitir CO2.
Thais Staut/FAAP
Sidney Yip
Nem todo mundo está convencido do aquecimento global. Qual deve ser o papel dos cientistas? A ciência tem de ser objetiva. Aqui nos Estados Unidos, temos visto uma grande polarização em torno desse tema. Mesmo as pessoas que acreditam no aquecimento global são radicais e não confiam em ninguém que não concorda com eles. Nós, cientistas, precisamos nos afastar disso e ser mais objetivos. Sabendo que nem todo mundo vai concordar com a gente, temos que buscar um acordo. Afinal de contas, dividimos o mesmo planeta. Eu acredito que os mais jovens são mais abertos ao diálogo. Essa é minha esperança. Precisamos esperar uma mudança de geração. Os mais novos saberão governar o mundo de modo melhor. Sou otimista. Acho que vamos encontrar o caminho certo.
Quais são os principais desafios? Temos três grandes desafios pela frente: mostrar ao mundo que o aquecimento é um problema real, definir a dimensão desse problema e procurar as soluções.
Os cientistas vão conseguir salvar o mundo? Sozinhos, nunca. Não podemos tentar inventar as novas tecnologias sustentáveis sozinhos. Devemos ir atrás das pessoas que já estão pensando nisso e agir em colaboração. Temos que ir atrás da indústria, por exemplo, e ver quais avanços eles podem fazer e quais não podem. Nossa missão é ajudá-los a fazer o que não podem.
Sustentabilidade custa caro e normalmente os retornos não são imediatos. Mesmo assim, há bastante apoio da indústria aos projetos do MIT Energy Initiative. Como conseguiram? Foi a indústria que veio atrás de nós. Éramos apenas cientistas. Frequentávamos conferências e conversávamos apenas uns com os outros. Em 2009, a indústria veio até o MIT. Pode ter sido um momento histórico único — ela não veio antes e não sei se virá de novo. O que aconteceu nessa época é que a indústria se tornou consciente de que havia um problema por conta das emissões de CO2. Eles perceberam que haveria um debate mundial sobre o tema e quiseram uma opinião objetiva para essa discussão. Acabaram escolhendo o MIT porque pensaram que tínhamos visibilidade e credibilidade. Um exemplo é a indústria do cimento. Eles vieram até nós e mostraram seus problemas, mas não nos disseram qual deveria ser a conclusão de nossos estudos.
E qual é o problema com o cimento? O cimento é um dos materiais mais usados no mundo, mas não entendemos direito como ele funciona. Ele é usado há mais de 2.000 anos, desde o Império Romano, mas não fazemos ideia de como ele age na escala microscópica. Tudo que aprendemos foi por tentativa e erro. O problema é que descobrimos que ele é um grande poluidor. A fabricação do cimento é responsável por até 5% das emissões humanas de CO2. Com a crescente preocupação com o meio ambiente, a indústria do cimento começou a levar essa questão mais a sério.
Como entender o funcionamento do cimento pode ajudar a conter o aquecimento do planeta? De fato, os problemas com os quais a sociedade se preocupa não estão na escala micro, mas na escala macro. Como seres humanos nós vivemos em cidades, habitamos a escala macro. Mas para controlar os materiais, para fazê-los funcionar do modo que queremos, temos que entender seu funcionamento no nível molecular. É aí que mora a ciência.  No entanto, temos visto uma enorme dificuldade em passar o conhecimento entre essas escalas. O micro não é capaz de controlar o macro, e o macro não é capaz de controlar o micro. Os cientistas estudam os dois lados dessa questão, mas não se comunicam. Alguns engenheiros constroem pontes e túneis. Outros trabalham com nanotecnologias. Precisamos de engenheiros capazes de juntar esses dois grupos.
E como isso se dá com o cimento? No começo, ele endurece de modo rápido, mas depois se estabiliza numa massa com a consistência parecida com a pasta de dente. E fica assim por um bom tempo. Depois, num período que costuma durar horas, ele vira pedra. Se entendermos como esse processo se dá na escala micro, podemos entender essa curva e mudar nossa produção de cimento, para um material mais eficaz. Podemos desenvolver um cimento que precise de menos calor em sua fabricação e não cause tanta poluição.
Existem duas visões sobre a relação entre a tecnologia e o aquecimento global. Um lado pensa que a tecnologia é culpada pelo aquecimento, e o outro pensa que só ela pode nos salvar disso. Em qual deles o senhor está? Acredito nos dois lados. Nós queimamos muito carvão, emitimos muito CO2 para a atmosfera. Isso é consequência direta da nossa industrialização. Mas não é por que aqui nos Estados Unidos nós atingimos um alto padrão de vida que podemos ditar ao resto do mundo que eles não podem chegar a esse padrão. Índia e China querem mais energia. Temos de buscar novas soluções, e é aí que os cientistas entram.
O senhor parece ver na energia nuclear uma dessas soluções. O que o leva a pensar que ela pode ser a energia do futuro? Eu sou um otimista. Nos anos anteriores ao acidente em Fukushima, os cientistas foram pouco cuidadosos. Mas ainda acredito que seremos capazes de fazer a energia nuclear razoavelmente segura e confiável. Será preciso convencer novamente o público. Isso levará algum tempo. Mas se continuarmos fazendo um bom trabalho, as pessoas voltarão a confiar em nós. Minha expectativa é que a sociedade irá aprender que a nuclear pode ser segura.
E como fazer essa mudança na opinião pública? A gente deve entender que não há nada misterioso na energia nuclear. Nós compreendemos perfeitamente como ela funciona. Nós podemos tornar a energia nuclear mais tolerável, saudável e sustentável. Não podemos deixar que as falhas do passado impeçam os sucessos do futuro.
O que o senhor diria para uma criança que está escolhendo sua carreira e quer ajudar a salvar o planeta? Ela deveria se tornar um ambientalista, um político ou um cientista? Eu sou uma pessoa que acredita no poder da ciência. Acho que podemos ajudar muito. Você pode até se tornar um político depois de virar cientista. Mas o inverso não acontece. O que eu digo para os pais: se você tiver um filho muito talentoso, faça tudo para torná-lo um bom cientista. Depois disso, ele poderá fazer o que quiser.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

PRIMAVERA ÁRABE

Páises que fazem parte da Primavera Arabe



O que é?
 Os protestos no mundo árabe em 2010-2011, também conhecido como a Primavera Árabe, uma onda revolucionária de manifestações e protestos que vêm ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África desde 18 de dezembro de 2010. Até a data, tem havido revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia; grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã e Iémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental. Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais, como Facebook, Twitter e Youtube, para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por partes dos Estados.


PRIMAVERA ARABE - ESPECIAL TV CULTURA
 

Evolução

A Primavera Árabe, como o evento se tornou conhecido, apesar de várias nações afetadas não serem parte do "Mundo árabe", foi provocado pelos primeiros protestos que ocorreram na Tunísia em 18 de Dezembro de 2010, após a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, em uma forma protesto contra a corrupção policial e maus tratos. Com o sucesso dos protestos na Tunísia, uma onda de instabilidade atingiu a Argélia, Jordânia, Egito e o Iêmen, com os maiores, mais organizadas manifestações que ocorrem em um "dia de fúria". Os protestos também têm provocado distúrbios semelhantes fora da região.

Até à data, as manifestações resultaram na derrubada de três chefes de Estado: o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, na sequência dos protestos da Revolução de Jasmim; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de Fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos em massa, terminando seu mandato de 30 anos; e na Líbia, o presidente Muammar al-Gaddafi, morto em tiroteio após ser capturado no dia 20 de outubro e torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, morrendo com um tiro na cabeça. Durante este período de instabilidade regional, vários líderes anunciaram sua intenção de renunciar: o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou que não iria tentar se reeleger em 2013, terminando seu mandato de 35 anos. O presidente do Sudão, Omar al-Bashir também anunciou que não iria tentar a reeleição em 2015, assim como o premiê iraquiano, Nouri al-Maliki, cujo mandato termina em 2014, embora tenha havido manifestações cada vez mais violentas exigindo a sua demissão imediata. Protestos na Jordânia também causaram a renúncia do governo, resultando na indicação do ex-primeiro-ministro e embaixador de Israel, Marouf Bakhit, como novo primeiro-ministro pelo rei Abdullah.

A volatilidade dos protestos e as suas implicações geopolíticas têm chamado a atenção global com a possibilidade de que alguns manifestantes possam ser nomeados para o Prêmio Nobel da Paz de 2011.

SITUAÇÃO POR PAIS
██ Revolução
██ Mudanças no governo
██ Conflito armado
██ Grandes protestos
██ Pequenos protestos


 A MORTE DE KADAFI

Oito meses de luta na Líbia deram a falsa impressão de que a Primavera Árabe estagnara. Mas o fim de Muamar Kadafi, dia 20, e as bem-sucedidas eleições na Tunísia, dia 23, além de outros desdobramentos, mostram a força dos movimentos em favor da liberdade e da democracia na região.
Kadafi - Rebeldes anti-Kadafi - Obama
A Primavera Árabe começou na Tunísia em janeiro, e o país foi o primeiro a realizar eleições democráticas: seus cidadãos já determinam o futuro. Um importante sinal de que a Líbia afinal será dos líbios foi a decisão do Conselho de Segurança da ONU de encerrar no dia 31 a missão da Otan no país. No Egito, que se livrou em fevereiro de 30 anos da ditadura de Mubarak, após 18 dias de protestos populares, o governo provisório tem diante de si a tarefa de realizar, em novembro, eleições para a Câmara Baixa do Parlamento.
Agora que esses países começam a andar com as próprias pernas, para onde devem ir? Uma das grandes preocupações é que o Islã, por muitos anos reprimido por ditaduras laicas, irrompa agora em sua forma radical, cobrindo essas sociedades com um espesso manto de conservadorismo que, em algumas situações, contraria direitos humanos fundamentais.
Mas há sinais animadores de que o Islã, força religiosa e cultural básica em países muçulmanos, possa conviver moderadamente com os novos rumos políticos. Na Tunísia, por exemplo, o partido islamista moderado Ennahda (Renascença) foi o grande vitorioso das eleições, mas seus dirigentes têm dado declarações tranquilizadoras. Além disso, os partidos seculares Congresso para a República (segundo mais votado) e Ettakatol almejam juntar-se aos islamitas numa coalizão nacional.
Na Líbia, o governo provisório (CNT) antecipou que a sharia (lei islâmica) será sua fonte de inspiração legal. A declaração repercutiu e levou o presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, a negar que o país vá se transformar num regime radical. Seria muito frustrante, após a longa luta para livrar a Líbia de uma ditadura laica, vê-la cair em outra, de cunho religioso. A tendência no Oriente Médio, felizmente, parece ser diversos países terem no Islã a religião oficial e na sharia, a base da lei, mas com códigos civis e penais baseados em modelos europeus.

fora Mubarak! (o povo venceu)
No Egito, o fato de a Irmandade Muçulmana aparecer como o grupo mais organizado e favorito para as eleições também inquieta muitos, que gostariam de ver o maior país árabe como uma democracia do tipo ocidental. Mas a Irmandade dá sinais de fragmentação e de ter-se distanciado do radicalismo de décadas anteriores. Oxalá isso se confirme.

Países que não estão no epicentro da Primavera Árabe, como a Jordânia, procuram antecipar reformas. O rei Abdullah assegurou que, a partir de 2012, dividirá com o Parlamento a tarefa de escolher o primeiro-ministro e o Gabinete. O objetivo final, segundo o rei, é um governo parlamentarista.

Há países em pleno processo de transição - violenta - para a abertura, como Síria e Iêmen. E tradicionais baluartes do conservadorismo islâmico - a monarquia wahabita da Arábia Saudita e a teocracia xiita radical do Irã. Todos, de uma forma ou de outra, já estão sendo ou serão alcançados pelos ventos que sopram de Túnis, do Cairo e de Trípoli.


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Ban Ki-moon diz que primavera árabe é revolução da esperança
08 de setembro de 2011 • 06h40 • atualizado às 07h18

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou nesta quinta-feira em Sydney que a "revolução da esperança" no norte da África e na Costa do Marfim é uma mensagem para os outros países sobre o imperativo democrático e a vontade popular.

"Uma revolução da esperança se elevou na África do Norte e além", declarou Ban Ki-moon em um discurso na Universidade de Sydney, no qual mencionou Líbia, Síria e Costa do Marfim. "A Líbia é um exemplo da capacidade do mundo de chegar a um entendimento para proteger um povo quando seus próprios dirigentes não podem ou não querem fazê-lo".

"Os líbios e os outros assumiram muitos riscos para defender as liberdades fundamentais e os direitos humanos. Agora precisam de nossa ajuda para apoiar as transições democráticas", disse.

"Do mesmo modo, quando o presidente da Costa do Marfim (Laurent Gbagbo) tentou roubar uma eleição com um banho de sangue este ano, a ONU atuou e impediu", recordou Ban.

"Com esta intervenção, enviamos uma mensagem clara aos países da região, a de que a democracia e a vontade popular devem ser respeitadas", concluiu.


NOBEL DA PAZ 2011
Iemenita Tawakkul Karman, ativista da chamada Primavera Árabe, a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf e sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee (Foto: AFP)

 OSLO, Noruega, 7 Out 2011 (AFP) - O Prêmio Nobel da Paz foi concedido nesta sexta-feira a três mulheres: a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, sua compatriota e militante pela paz Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, ativista da chamada Primavera Árabe.

A iemenita Tawakkul Karman, "tanto antes como durante a Primavera Árabe, teve um papel preponderante na luta a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iêmen", afirmou.

Karman, a primeira mulher árabe que recebe o Prêmio Nobel da Paz, numa primeira reação, declarou-se honrada e surpresa e dedicou seu prêmio à "Primavera Árabe".

"Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prêmio a todos os ativistas da Primavera Árabe", declarou ao canal de televisão árabe Al-Arabiya.

domingo, 2 de setembro de 2012

CONFLITOS MUNDIAIS




As questões étnicas e religiosas adquirem importância significativa em grande parte dos conflitos pós-Guerra Fria. Eles são de quatro tipos diferentes . O primeiro envolve dois ou mais Estados, como a guerra entre Armênia e Azerbaidjão pela posse de Nagorno-Karabakh. Os conflitos separatistas podem resultar de uma ocupação estrangeira, por exemplo, a luta pela autonomia no Saara Ocidental, anexado pelo Marrocos . Também ocorrem dentro de Estados constituídos quando uma minoria, como os bascos na Espanha, ambiciona separar seu território do país ao qual pertence. Por último existem as guerras civis ou os movimentos guerrilheiros objetivando a mudança de regime. É o caso da Argélia, onde os fundamentalistas islâmicos reivindicam a implantação de um Estado teocrático. 

ÁFRICA
A descolonização da África, entre 1950 e 1970, dá origem a sistemas políticos frágeis, que, em muitos países, acabam degenerando em ditaduras ou em sangrentas guerras civis envolvendo clãs e etnias rivais. A instabilidade do continente é uma herança do caótico processo de colonização. Muitos dos conflitos africanos se arrastam há anos sem perspectiva de se obter a paz, como as guerras civis que devastam a Nigéria, o Sudão e a Somália . As principais tensões na África contemporânea ocorrem nos Grandes Lagos e na porção norte do continente. 
Grandes Lagos – O antagonismo entre as etnias hutu e tutsi - forçadas a conviver dentro das mesmas fronteiras nacionais traçadas pelos colonizadores - é a causa dos conflitos que eclodem em Ruanda e Burundi desde a independência. Um novo período de violência começa em abril 1994, quando um míssil derruba o avião em que viajavam os presidentes dos dois países, ambos hutus. O saldo total de mortes no genocídio - ora de tutsis , ora de hutus - é de mais de 1 milhão de pessoas nos últimos três anos. Atualmente, os tutsis governam tanto Ruanda (desde 1994) quanto Burundi (desde 1996), apesar de ser a etnia minoritária nos dois países (10%, enquanto os hutus são 90% da população). A guerra civil também provoca o êxodo de 2,3 milhões de ruandeses e 389 mil burundineses para outros países, segundo dados do Alto-Comissariado para Refugiados (UNHCR), da ONU, divulgados em 1995. 
A emigração em massa de hutus ruandeses para o leste do vizinho Congo (ex-Zaire) é a origem da insurreição que ocorre nesse país entre 1996 e 1997. A minoria tutsi - os baniamulengues -, que vive há séculos nessa região, se sente ameaçada pela presença desses refugiados porque muitos deles são milicianos, responsáveis pelo massacre de tutsis em Ruanda. São os baniamulengues que, liderados por Laurent Kabila, integram as forças que depõem o presidente Mobutu Sese Seko, em maio, com o auxílio do regime tutsi de Ruanda e do governo de Uganda. Assim que assume o poder, Kabila dá um ultimato para que os hutus retornem a Ruanda dando início a uma operação de repatriação. A ONU denuncia as péssimas condições de transporte dos refugiados e também acusa o Exército de Kabila de executar hutus. 
Norte da África – A região - ocupada pelos árabes desde o século VII - vem sendo convulsionada pelo crescimento do fundamentalismo islâmico, especialmente na Argélia . Em 1992, o governo argelino anula as eleições vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS), desencadeando uma guerra civil entre os fundamentalistas, partidários da instauração de um Estado islâmico, e as forças do presidente Liamine Zéroual. O conflito, que já matou cerca de 60 mil pessoas, se intensifica em 1997: os fundamentalistas são acusados de praticar uma série de massacres contra a população civil, fazendo centenas de vítimas fatais, muitas delas degoladas e mutiladas. Também há suspeitas de que forças do governo estejam envolvidas no massacre. No Egito, os fundamentalistas atuam contra o governo pró-Ocidente de Hosni Mubarak, atacando turistas e monumentos históricos. Em 1995, o próprio Mubarak é vítima de um atentado fracassado. O norte da África é palco de outro conflito: entre 1975 e 1979, Marrocos anexa o Saara Ocidental (ex-colônia espanhola), mas a maioria da população local contesta a ocupação e luta pela sua autonomia. 

EUROPA

O continente abriga antigos movimentos separatistas na Irlanda do Norte, na Espanha e na França . Na década de 90 eclodem tensões étnicas e religiosas na ex-URSS e na ex-Iugoslávia, decorrentes do colapso do comunismo. Ao se libertar do domínio dos governos totalitários de Moscou e de Belgrado, os diversos povos iniciam um caótico processo de afirmação das particularidades nacionais. 
Cáucaso – A desintegração da URSS abre um período de instabilidade política na região, até então subjugada pelo poder central soviético. Após a independência, em 1991, a Geórgia é ameaçada por rebeliões separatistas nas regiões de Ossétia do Sul (norte), cuja população quer se unir à Ossétia do Norte, na Rússia; e na Abkházia (noroeste), onde os muçulmanos lutam pela autonomia. Já a Armênia (cristã) e o Azerbaidjão (muçulmano) disputam desde 1988 a posse de Nagorno-Karabakh, região habitada por uma maioria armênia porém localizada dentro do Azerbaidjão . Ainda no Cáucaso, em 1995, a Federação Russa intervém na 
Chechênia , numa reação a sua declaração de independência, e assim se estabelece um conflito que mata 30 mil pessoas. Em 1996 é acertado um cessar-fogo e, no ano seguinte, assinado um acordo que prorroga para 2001 a definição do status político dessa república. 
Bálcãs – Os primeiros conflitos étnicos e religiosos na ex-Iugoslávia estouram após a morte de Josip Broz Tito , em 1980. A implosão do comunismo no Leste Europeu, de 1989 a 1990, faz agravar as tensões levando a Bósnia-Herzegóvina à guerra civil entre 1992 e 1995. O embate, que opõe sérvios, croatas e muçulmanos, deixa 200 mil mortos e 844 mil refugiados, segundo o UNHCR (dados de 1995).
Europa Ocidental – Desde o começo do século XX, o Exército Republicano Irlandês (IRA) luta contra a ocupação do Reino Unido na Irlanda do Norte (Ulster). O conflito entre os católicos do IRA e os britânicos, protestantes, se estende até 1994, quando o IRA anuncia um cessar-fogo. A trégua é interrompida em 1996 com uma nova onda de atentados. Em 1997, as negociações são retomadas. Na Espanha , o grupo separatista basco Pátria Basca e Liberdade (ETA) reivindica a independência da região do País Basco. A luta armada se acirra após 1983. Em 1997, o ETA assassina o político Miguel Ángel Blanco, provocando protestos em massa no país contra o terrorismo basco. No mar Mediterrâneo, os guerrilheiros da Frente de Libertação Nacionalista da Córsega (FLNC) mantêm, desde 1966, uma campanha terrorista pela independência dessa ilha pertencente à França. 

ÁSIA

A extinção da URSS também desencadeia conflitos na Ásia Central, onde estão algumas de suas ex-repúblicas. A guerra civil no Afeganistão aumenta ainda mais a instabilidade política nessa região. No Oriente Médio, as principais tensões envolvem israelenses e palestinos. Já o Subcontinente Indiano enfrenta movimentos separatistas e o Sudeste Asiático é conturbado por conflitos no Camboja. 
Ásia Central – Com o fim do domínio soviético ocorre uma revitalização do islamismo nas antigas repúblicas da URSS, uma região habitada majoritariamente por muçulmanos. No Tadjiquistão as tensões levam à guerra civil, iniciada em 1992, entre o novo regime comunista e os grupos islâmicos que reclamam a implantação de um Estado teocrático. A Federação Russa, interessada em barrar a expansão islâmica, apóia o governo, enquanto os muçulmanos recebem ajuda do vizinho Afeganistão . Esse país, por sua vez, é assolado por uma guerra civil entre as várias etnias desde 1979. Em meados de 1997, a milícia fundamentalista Taliban, formada pela etnia patane, controla a maior parte do território apesar de ter sofrido derrotas no norte e perto de Cabul. Mais de 2 milhões de pessoas já morreram no conflito e cerca de 2,6 milhões estão refugiadas em outros países, segundo o UNHCR (dados de 1997). No Tibet , a população budista reivindica a autonomia desde 1950, quando a região é invadida pelo Exército comunista chinês. 
Subcontinente Indiano – Após a descolonização, em meados do século, os Estados da região - Índia , Paquistão e Sri Lanka têm sido foco de conflitos étnicos e religiosos. A Índia, um país no qual os hindus são a imensa maioria, defronta com movimentos separatistas de algumas de suas minorias. Nos anos 70, os sikhs do Estado de Punjab começam uma campanha terrorista pela criação de seu próprio país, o Calistão. E, no estado de Jammu e Caxemira, os muçulmanos exigem a sua autonomia ou a sua anexação ao vizinho Paquistão. O Paquistão, país muçulmano, apóia os guerrilheiros separatistas da Caxemira indiana e já entrou em guerra com a Índia três vezes (1947-1948, 1965, 1971) pela posse da região. No Sri Lanka, a violência étnico-religiosa entre a minoria tâmil, seguidora do hinduísmo, e os cingaleses budistas (maioria) se agrava nos anos 70 com o início da revolta armada tâmil pela criação de um Estado independente no norte e no leste do país. 
Oriente Médio – A implantação do Estado de Israel em 1948 é feita com a oposição dos palestinos que viviam na região. Desde então, eles vêm lutando pela criação do seu próprio Estado. Em 1993, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Partido Trabalhista de Israel, então no governo israelense, firmam os primeiros acordos de paz para a região, que prevêem a devolução de territórios aos palestinos . As negociações, no entanto, são praticamente paralisadas com a ascensão, em 1996, do conservador Partido Likud ao poder em Israel. Atualmente, grupos fundamentalistas islâmicos contrários aos acordos de paz - com destaque para o Hamas - têm cometido uma série de atentados em Israel. Em julho de 1997 explodem uma bomba no mercado Mahane Yehuda, em Jerusalém, matando 13 pessoas. Outro foco de conflito no Oriente Médio contemporâneo é o Curdistão - região situada nas fronteiras da Turquia , do Irã, do Iraque , da Síria e da Armênia. É habitado pelos curdos, que reivindicam a formação de um Estado independente. 
Sudeste Asiático – Uma nova fase de violência assola o Camboja em 1997: o primeiro-ministro Hun Sen depõe, em julho, o príncipe Norodom Ranariddh, que também exercia o cargo de primeiro-ministro. O sangrento golpe de Estado - organizações de defesa dos direitos humanos denunciam a execução sumária de civis e opositores - põe fim a quatro anos de convivência entre facções inimigas. Na Indonésia , a luta pela independência de Timor Leste se arrasta desde 1975-1976, quando o governo indonésio invade e anexa essa antiga colônia portuguesa . 

AMÉRICA

Nos anos 90, o continente vive um período de relativa tranqüilidade, com exceção da disputa de fronteira entre Peru e Equador, ocorrida em 1995, e dos grupos de extrema esquerda que atuam no Peru, na Colômbia e no México, mostrando que a luta armada prossegue na América Latina. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, (Farc), o Exército de Libertação Nacional (ELN) e os grupos paramilitares comandam a escalada de violência na Colômbia -atacando bases militares e realizando seqüestros - que ameaça o governo de Ernesto Samper. A ação das guerrilhas também persiste no Peru, apesar da intensa repressão ao terrorismo posta em prática pelo presidente Alberto Fujimori. O maior golpe contra o governo parte do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), que, entre dezembro de 1996 e abril de 1997, ocupa a Embaixada do Japão em Lima e mantém 71 reféns. O seqüestro termina com uma ação militar na qual morrem os 14 guerrilheiros. Já o grupo maoísta Sendero Luminoso ficou enfraquecido após a prisão de seu líder, Abimael Guzmán, em 1992. O México , por sua vez, é palco de rebelião indígena no estado de Chiapas, em 1994, liderada pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) . Em 1996 surge o grupo guerrilheiro Exército Popular Revolucionário (EPR), que também se opõe ao governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), no poder desde 1929.