sexta-feira, 8 de março de 2013

MULHERES DESENVOLVENDO O MUNDO...




Além da Graça Foster, da Petrobras, apenas três ocupam a cadeira da presidência quando são consideradas as 64 empresas cujas ações compõem o índice Ibovespa.

Anna Christina Ramos Saicali comanda hoje a B2W (que reúne Americanas.com e Submarino), Dilma Pena, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e Ana Maria Machado Fernandes, o grupo EDP (empresa do setor de energia elétrica).
Em outras companhias, como na Totvs, aparece uma ou outra vice-presidente.
"A maior parcela dos presidentes é proveniente do setor comercial das empresas, área em que há poucas mulheres. Elas costumam ir para administração ou marketing", diz a professora da FGV Denise Delboni.
"A gravidez também afeta. Elas se afastam por um período, enquanto os homens continuam avançando."
Além da presença reduzida nas principais posições, as mulheres que ocupam cargos de alta gerência continuam recebendo menos.
O setor que apresenta maior desigualdade hoje é o de seguros, segundo a Michael Page, empresa de recrutamento corporativo.
"Seguros é uma área tradicionalmente masculina, onde as mulheres foram entrando aos poucos e hoje começam a ocupar cargos gerenciais, mas estão nos de menor importância", diz Sérgio Sabino, responsável pelos estudos da Michael Page no Brasil.
Nesse setor, o sexo feminino ganha apenas 34% do valor dos salários dos homens em cargos gerenciais.
Em seguida, aparece o varejo como segundo pior segmento para as mulheres.
*
'Nos EUA, menos de 15% dos CEOs são mulheres'
Nem nos Estados Unidos a presença feminina na cúpula das companhias é lá muito animadora. "Menos de 15% dos CEOs de empresas listadas nos índices americanos de ações Dow Jones e Nasdaq são mulheres", diz Debora Spar, presidente do Barnard College, da Universidade Columbia, em Nova York.
"Nos conselhos dessas companhias, só 15 ou 16% dos assentos são ocupados por mulheres." Para a professora, uma mudança significativa desse cenário nos Estados Unidos ainda vai levar "pelo menos uma década."
Na Europa, o panorama é um pouco melhor, segundo Spar. "Alguns países adotaram cotas para garantir a presença feminina nos conselhos das empresas. Mas ainda não chegam a 50%".
"As cotas não são a melhor estratégia para os EUA. Não gostamos de cotas de nada neste país. Não é bom conseguir um cargo apenas porque há cotas."
O avanço virá, diz. "Talvez não tão rápido quanto desejássemos. Aqui nos EUA, a pressão de dentro das empresas e da mídia funcionará mais do que cotas."
Dar autoconfiança às meninas é essencial. "Mas também educá-las para serem líderes, com capacidades necessárias como administração e negociação."
Fundado em 1889, o Barnard College foi uma das primeiras faculdades do mundo a oferecer um currículo focado em liderança exclusivamente para mulheres.
Todo ano, o Barnard realiza simpósios para levantar questões de gênero, em especial as relacionadas ao mercado de trabalho. Os encontros anteriores foram na China, na África do Sul, em Dubai e na Índia.
Em diferentes setores e com velocidade diversa, as mulheres vêm avançando, observa Spar nos seminários realizados pelo mundo.
"Na Índia, por exemplo, os progressos foram mais notados entre mulheres que trabalham no setor financeiro. Na África do Sul, elas foram bem no governo, mas não tanto no setor privado", relata a professora.
Pequenas iniciativas nas empresas, como uma sala para retirada de leite podem ajudar muito, de acordo com a professora.
"Mulher Maravilha: Sexo, Poder e a Busca por Perfeição" é o título provisório de seu próximo livro, que deverá ser lançado em setembro próximo.
O evento deste ano, intitulado "Women Changing Brazil" (Mulheres que Mudam o Brasil) será presidido por Spar, em São Paulo, no próximo dia 18.
*
Saúde
Mulheres que trabalham fora são menos cuidadosas com a saúde, de acordo com pesquisa feita pela operadora do setor Omint.
O levantamento mostra que 5,5% das trabalhadoras não realizaram mamografia -exame que deve ser feito anualmente- em 2012. Entre as donas de casa, a parcela é de 2,3%.
A diferença é maior no caso de ultrassonografia de mama: 18,6% das mulheres ativas no mercado não se submeteram ao exame. A porcentagem é de 4,5% entre as que trabalham em casa.
O Papa Nicolau foi feito por todas as donas de casa pesquisadas. No outro grupo, 5,7% passaram o ano sem realizá-lo.
"Não é considerado um percentual alto se olharmos para as estatísticas do país. Mas chama a atenção o fato de que se trata de um publico qualificado, com boa formação e acesso a plano de saúde", afirma Caio Soares, diretor médico da operadora de saúde.
*
Financiamento feminino
As mulheres já representam mais da metade das operações de microcrédito, conforme números de algumas instituições bancárias.
Nas operações do Santander, elas são responsáveis por aproximadamente 70% da carteira de clientes da instituição na modalidade.
"Os índices de adimplência da nossa operação, por exemplo, são de cerca de 96,5%, mas o pagamento em dia é ainda melhor quando olhamos só a base de clientes mulheres", afirma Jerônimo Ramos, superintendente do Santander.
No Banco do Brasil, mais de 360 mil mulheres fizeram pequenos empréstimos -o que representa cerca de 60% do total de clientes de microcrédito.
No Itaú, o percentual de de mulheres na carteira de microcrédito é de 62%.
"A intensa participação feminina na carteira reflete o perfil empreendedor que muitas têm", afirma Eduardo Ferreira, superintendente do Itaú Microcrédito.
*
Igualdade... O número de mulheres no comando de franquias brasileiras é quase igual ao de homens, segundo a consultoria especializada em franchising Rizzo.
...na franquia Dos 133.599 franqueados ativos até o final do ano passado, 51,4% eram homens e 48,6%, mulheres.
Óleo... A Petrobras aumentou a contratação de mulheres em 120% nos últimos nove anos. Segundo informação da empresa, o crescimento da admissão de mão-de-obra masculina foi de 60% no mesmo período.
...e batom De um total de 6.653 gerentes, as mulheres ocupam hoje 1.104 cargos de gerência, aproximadamente 17%.
Mandatárias Além da presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, a companhia conta com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, no conselho de administração.

Por: Maria Cristina Frias
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/1242698-mulheres-presidentes-ainda-sao-poucas-no-pais.shtml

HUGO CHÁVEZ - O NOTÁVEL REFORMADOR


O Brasil tem um ponto em comum com a Venezuela: o brutal desequilíbrio social. Havia outro até data recente, representado pela extraordinária semelhança entre a mídia venezuelana e a brasileira, uma e outra a serviço da oligarquia e da treva, sempre e sempre dispostas a inventar, omitir e mentir. Se hoje não há como alegar esta inglória parecença, é porque Hugo Chávez, ao contrário do governo do Brasil, decidiu enfrentar o inimigo.
Populista? Por que lutou contra o neoliberalismoe a favor dos desvalidos? Por que defendeu a unidade latino-americana e o petróleo do seu país? Por que tirou muitos venezuelanos da miséria e erradicou o analfabetismo? Foto: Juan Barreto/AFP
Populista? Por que lutou contra o neoliberalismo
e a favor dos desvalidos?
Por que defendeu a unidade latino-americana
e o petróleo do seu país?
Por que tirou muitos venezuelanos da miséria
e erradicou o analfabetismo? Foto: Juan Barreto/AFP
No momento, mais da metade dos órgãos de comunicação venezuelanos são públicos, o que permite restabelecer um razoável equilíbrio entre as forças envolvidas nesta guerra. As palavras guerra e inimigo estão longe de ser exageradas. O ataque ao governo de Dilma Rousseff é feroz e diuturno, assim como foi a Lula e a Chávez. A mídia nativa, aliás, continua na ofensiva contra o líder venezuelano e celebra sua morte como se o odiado inimigo tivesse tombado no campo de batalha.
As razões são óbvias. Chávez, como Lula e Dilma, mexeu com os interesses da minoria privilegiada. Há diferenças entre o venezuelano e os brasileiros, ao contrário destes, aquele recorreu a formas autoritárias de poder. Mesmo assim, tratou-se de um formidável reformador e de um incentivador da unidade latino-americana a bem da independência do subcontinente, enfim livre da condição de quintal dos Estados Unidos.
Nem tudo na atuação de Chávez merece admiração, mas seus méritos estão expostos à luz do sol. Leio as diatribes ficcionais da nossa mídia, dizem que se tratou de um déspota populista. A definição é tão imprópria quanto foi batizar de “terrorista” quem lutou contra a ditadura civil-militar. Populista porque nacionalista ao defender o petróleo de seu país como fez Getúlio Vargas em 1952 ao criar a Petrobras? Ou populista porque condenou firme e inexoravelmente o neoliberalismo?
Tropecei na quarta 6 de março no delirante editorial da Folha de S.Paulo, que condenava o “populista” Chávez por causa do seu peremptório não ao neoliberalismo. Ora, ora, mas não foi a religião do deus mercado que nos mergulhou na maior crise econômica, política e social dos últimos dois séculos? Algo não menos assustador do que as epidemias de peste negra da Idade Média.
Ah, claro, populista por ter tirado da miséria uma larga fatia de venezuelanos, e por ter garantido assistência médica e hospitalar a todos os concidadãos, e por ter erradicado o analfabetismo. Tal é a linha da mídia nativa, exército dos barões. O jornalismo há de se basear no respeito da verdade -factual, no exercício do espírito crítico e na fiscalização do poder. Os barões midiáticos e seus regimentos desrespeitam a verdade factual e submetem o espírito crítico aos seus dogmas e preconceitos. Quanto à fiscalização do poder, cuidam de investir de arma em punho contra quem ali está há dez anos, depois de ter elevado à glória dos altares o governo tucano de FHC e tornado motivo de culto todas as suas mazelas.
Creio não ser árduo perceber que estamos a assistir, há dez anos, a uma ofensiva bélica, em pleno desrespeito às regras éticas do jornalismo e do senso de responsabilidade imposto pela consciência da cidadania. Não nos defrontamos simplesmente com uma mídia a serviço da oposição, e sim com uma artilharia capaz de executar seu bombardeio sem solução de continuidade.
De uns tempos para cá, me ocorre, de quando em quando, perguntar aos meus perplexos botões se o governo tem vocação de mulher de apache. Estão pasmos, admitem, com tanta leniência, ou paciência, ou resignação. E se declaram perdidos como um pesqueiro ao largo da costa escocesa, em uma madrugada invernal a 20 graus abaixo de zero, em meio à névoa mais espessa e sem apito. Aos leitores sugerem uma pausa de meditação à página 16 desta edição, para inteirar-se da reflexão de Mauricio Dias na sua Rosa dos Ventos.
Ali, entre outras considerações muito oportunas, Mauricio evoca uma entrevista que ambos fizemos com Hugo Chávez, em 2006. Recordo um maciço indivíduo, de carisma explosivo e fala fluente, a dizer coisas que faziam sentido.

POR: Mino Carta
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/notavel-reformador/